sexta-feira, 15 de março de 2013

Resenha - Estátuas de Sal


 “Quem são as Estátuas de Sal?”
Alice é uma jovem que se encontra no fundo do poço. Em um mundo agora pacífico, ela suspeita ser a única pessoa que ainda sustenta dúvidas quanto ao Criador do Universo; coisa que a tornaria a última pecadora sobre a Terra.
Por que a última? Porque dez anos antes, Deus havia mostrado seu poder ao acabar com São Paulo, a cidade do pecado, a Sodoma dos dias atuais. Depois da destruição, não havia quem duvidasse de sua existência ou seu poder, ou quem ousasse desafiar o Senhor de qualquer forma. Mas Alice não estava satisfeita só com isso. Existência e poder não significam justiça, significam?
Algo, porém, a tira de seus perigosos devaneios: a morte de seu pai.
Suicídio. Mas por quê? Por que ele, ou qualquer um, se suicidaria em um mundo onde ninguém mais peca? Uma perguntinha insistente, essa, que acabou fazendo Alice se levantar e procurar por respostas.
Conforme sua investigação caminha, mais perguntas se apresentam, e aquela deixa de ser uma jornada simples – não que tenha sido antes, para ser sincera – para se tornar uma jornada pela resposta que ela estava buscando antes disso tudo: porquê. Qual o sentido de tudo? Da vida?
E se o pecado não for o que parece? Se a salvação não for que parece, nem a destruição tampouco? E se as Estátuas de Sal não forem o que parecem?
O ritmo do livro é intensamente prazeroso. Você tem alguns poucos momentos para pensar e refletir, mas logo já está acompanhando com os olhos a corrida de Alice para fugir de seus perseguidores, para se esconder, para decifrar o enigma. Há sempre algo a ser feito. É daquele tipo de leitura, “só mais um capítulo”, daquele tipo que você se surpreende toda vez que olha o marcador e percebe que ele andou cem páginas sem você notar.
O assunto pode ser considerado delicado, mas não acho que ninguém deva se impedir de ler a não ser que tenha um certo grau de fanatismo religioso. O autor não se preocupou em jogar no papel a raiva, o medo e as dúvidas que todos já tivemos uma vez ou outra. Pelo contrário, ele enfatizou a importância de tê-las. A crítica real foi ao próprio fanatismo.
As personagens são simpáticas ao leitor. Você se apega à Alice como se apegaria a um protagonista, mas ela não foi minha favorita. Difícil escolher quem foi... fico entre o casal Pedro e Mariana e a menina de azul. Os dois primeiros porque poderiam ter como trilha sonora a música “Eduardo e Mônica”, da Legião Urbana (pelo menos até certa parte de sua história, claro), e a última por ter o ar de mistério que eu amo em qualquer personagem, além de dar algumas pitadinhas de humor sádico à trama, coisa que também adoro.
A escrita é fácil, detalhada o suficiente sem se tornar cansativa, e os diálogos estão no ponto certo entre “informal” e “gramaticamente aceitável”.
É uma obra que provavelmente te deixará pensando por alguns minutos, ou horas, dependendo de como te afetar. Devo admitir que no princípio eu temi a possibilidade de enfrentar uma história um tanto óbvia, que pendesse demais para o lado de Deus e pouco para o lado do leitor. Mas tive uma surpresa agradável, que me faz poder afirmar que você pode aproveitar esse livro independe de sua religião ou crença. É um bom livro, no fim das contas, quer você concorde com a mensagem ou não. E nunca faz mal ouvir opiniões diferentes, de qualquer forma, não é mesmo?
Muito recomendado. E ah, a capa, eu gosto da capa. ;)




Para mais informações: 

Beijos de Sangue,
A. F. Nascimento.
Colunista – Anacrônico.

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